Transformações disruptivas na construção civil em aceleração

Gabriela Souza / 26 de junho de 2021

A pandemia de Covid-19 tem incentivado rupturas que já vinham em curso na indústria da construção. Além de pressionar o desempenho de todo o ecossistema, a crise criada pelo coronavírus abre uma janela de rápidas transformações e rearranjos.

Um estudo da McKinsey, com base em conversas com 100 especialistas e executivos da indústria no mundo todo, apontou que novas tendências da construção, tais como a construção modular e a sustentabilidade, devem se combinar no próximo período e gerar mudanças de larga escala em todos os elos da cadeia. 

Apesar de sua relevância, o setor da construção — que atualmente corresponde a 13% do PIB global — não tem apresentado bom desempenho, independentemente de crises. Nas últimas duas décadas, o ganho anual de produtividade foi de apenas 1%. Embora seja uma atividade que envolva grandes riscos, a lucratividade tem permanecido relativamente baixa, o que é um fator de preocupação.

SUSTENTABILIDADE E DIGITALIZAÇÃO

Na visão da consultoria global, a indústria da construção terá uma aparência radicalmente diferente em um prazo de cinco a dez anos. Mais de 75% dos executivos consultados disseram que nove mudanças centrais devem ocorrer no futuro próximo — mudanças essas que já têm impactado outras indústrias similares.

Em linhas gerais, tais transformações relacionam-se com requisitos de sustentabilidade, pressões de custo, escassez de habilidades requeridas, novos materiais, abordagens industriais e digitalização. Todas essas mudanças envolvem tendências como a “productization” (a transformação de serviços prestados por fornecedores em produtos), maior controle sobre a cadeia de valor e expansão da centralidade do cliente no processo.

Mais de 60% dos executivos ouvidos pela McKinsey acreditam que essas mudanças ocorrerão em larga escala já nos próximos cinco anos. Dois terços deles avaliam que a pandemia acelerará tais transformações, sendo que metade já tem ampliado os investimentos nessa direção. O estudo aponta que, desde 2013, os gastos com pesquisa e desenvolvimento entre as 2.500 principais empresas da construção no mundo todo subiram 77%. Ou seja, a largada, de fato, já foi dada. 

HORA DE SE REINVENTAR

Para os autores do estudo da McKinsey, todos os elos da cadeia da construção precisarão desenvolver estratégias para lidar com as mudanças ou, eventualmente, liderá-las. 

Segmentos como engenharia e projetos, distribuição de materiais e logística, gestão de obra e subcontratados especializados serão mais diretamente impactados, uma vez que eles provavelmente verão seus serviços sofrerem comoditização. 

Será necessário ajustar-se ao novo ambiente ou reinventar-se para se beneficiar das mudanças. Quem tiver sucesso e conseguir se destacar no novo cenário, pode abocanhar parte dos lucros anuais estimados em US$ 265 bilhões que esperam pelos vitoriosos, segundo os autores da pesquisa.

PENSAMENTO ÁGIL

Em certo sentido, os processos disruptivos em curso aproximarão as empresas do ecossistema da construção, geralmente baseadas em uma lógica organizacional mais tradicional, da dinâmica das organizações ágeis, capazes de operar mudanças e de flexibilizar recursos rapidamente. 

Ao mesmo tempo, investimentos em facilitadores que sejam capazes de transformar a dinâmica operacional e organizacional das companhias serão obrigatórios, constatou o estudo da McKinsey.O CTE enredes desenvolve uma série de atividades para impulsionar a industrialização da construção brasileira, por meio da difusão de conhecimento sobre sistemas construtivos inovadores e novas tecnologias de planejamento e gestão. Desde 2018, por meio da Rede da Construção Digital e Industrializada (RCDI), promovemos webinars, workstations, grupos de trabalho, jornadas de capacitação e produção de conteúdo em múltiplas plataformas. Entre em contato para saber mais!

ator Gabriela Souza

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