O 14º Encontro de Diretores e Gestores da Construção reuniu quase 300 profissionais da cadeia produtiva para debater as “Tendências da construção 2019”
Dividido em dois painéis, o evento trouxe nove palestrantes que abordaram, dentro do contexto de construção imobiliária, as mudanças no hábito de consumo do brasileiro, a inovação e o uso de tecnologias digitais, além das tendências econômicas, funding e a visão do investidor estrangeiro. Além disso, uma mesa redonda reuniu os CEOs da MRV, Tegra, Nortis, Metódo Engenharia e R. Yazbek.
Na abertura, o presidente do EnRedes/CTE, Roberto de Souza, comentou a divulgação de um artigo do presidente do conselho de administração da Cyrela, Elie Horn, empresário emblemático do setor, que fala da aproximação de um novo ‘boom imobiliário’ no país após a fase mais difícil da crise que assolou o setor da construção.
Durante a sua palestra, Souza reforçou que a inovação em produtos imobiliários, marketing e novos modelos de negócios, além da sustentabilidade – atrelada a redução do impacto ambiental, compliance, governança corporativa e a responsabilidade social – terão, necessariamente, que fazer parte do futuro da construção. “É um caminho sem volta”, afirma.
Segundo ele, as macrotendências também apontam para a industrialização e as tecnologias digitais. “Estamos lançando a Rede Construção Industrializada com o objetivo de fazer um movimento junto as instituições financeiras e fundos de investimentos para acondicionar a industrialização da construção”, explica. Já a Rede Construção Digital segue em pleno vapor, abordando a importância da mudança de mindset do setor.
Após a apresentação do fundador da JR Diesel, Geraldo Rufino, sobre a sua jornada empresarial empreendedora, os participantes acompanharam a palestra do diretor executivo do Grupo Zap/Viva Real, Marcelo Dadian, sobre o empoderamento do consumidor, a partir da utilização do smartphone e os impactos nas vendas da construção imobiliária.
De acordo com Dadian, o marketing digital tem um enorme potencial, já que dos 210 milhões de brasileiros, 139 milhões estão conectados à internet. Além disso, o Brasil já ocupa o segundo lugar no tempo gasto no mobile e nas mídias sociais, e o terceiro lugar no tempo gasto na internet. “O mundo é mobile. Ou a gente uberiza, ou viramos uma Kodak”, adverte.
Para falar de inovação no modelo de negócio, a diretora da JFL Realty, Carolina Burg, trouxe o case da própria empresa, que atua como gestora de ativos imobiliários com foco no aluguel de unidades residenciais com serviços, setor rentável em vários países, mas incipiente no Brasil. Basicamente, a empresa compra e otimiza apartamentos bem localizados, agregando serviços para o consumidor.
Em relação às tendências em fachadas, o diretor do departamento técnico e engenharia no Brasil e Latam da Schüco, Benjamin Danwerth, abordou a inovação em materiais e produtos como o vidro, além dos processos, a partir de tecnologias digitais. O diretor comentou os desafios para atender edifícios cada vez mais altos e icônicos, e citou um case de 11 fachadas e 34 tipos de vidro em um único empreendimento.
No que diz respeito a jornada rumo à transformação digital, o sócio da EY, Miguel Pinto, relatou que 84% dos programas nesta área falham, por falta de foco da liderança, alinhamento e velocidade. Neste sentido, citou alguns princípios básicos que envolvem: a contextualização da organização, mudanças no modelo de negócio e o foco no problema, e não na tecnologia. “A empresa tem de ser ‘bipolar’, continuar com o seu modelo de negócio e criar um novo modelo que vai destruir o atual”, explica.
Tendências econômicas
No segundo painel, a assessora econômica do Sinduscon-MG e economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) Ieda Vasconcelos apresentou os números básicos da economia, cujos fatores trazem otimismo para o ambiente macroeconômico de 2019. “As contas públicas são o fator mais preocupante. Em 2018, será o 5º ano consecutivo de queda, o que significa déficit fiscal, ou seja, falta de dinheiro para investimento”, ressalta.
Enquanto a construção civil vem apresentando queda em suas atividades desde 2014, o mercado imobiliário registrou aumento do número de lançamentos e incremento das vendas em 2018. “Houve uma redução do estoque, o que dá uma perspectiva positiva. É o momento de reação do mercado, de gerar mais empreendimentos”, explica. Para Ieda, os aspectos negativos envolvem a questão da segurança na distribuição dos recursos do FGTS e a burocracia em relação aos alvarás e licenciamento de obras.
Em relação ao funding, o presidente executivo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Luiz Antonio França, explicou que, seguindo uma tendência mundial, é preciso ter uma taxa de juros abaixo de dois dígitos para o tomador pessoa física. Além disso, é necessário atender a dois pilares: um marco regulatório adequado (os distratos ainda afetam o setor) e o índice de confiança do consumidor, que está ligado ao nível de emprego, que ainda está baixo.
Segundo ele, um estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que a demanda para atender o crescimento populacional nos próximos 10 anos, será de 9 milhões de moradias, adicionado ao déficit habitacional atual, que é de 7,7 milhões de moradias. “Temos uma demanda tremenda de crédito no Brasil. É um fator positivo para o nosso mercado”, avalia.
Para falar sobre o mercado imobiliário, com a visão do investidor estrangeiro, o CEO da Brookfield Properties, Roberto Perroni, detalhou a estratégia que a empresa tem utilizado atualmente para fazer investimentos no Brasil e no mundo. Segundo ele, tradicionalmente, no mercado imobiliário, a empresa tem investido muito mais em momentos de crise do que em momentos de ‘boom’. “O que nos dá segurança é a história de 120 anos no Brasil, o que facilita trazer capital de fora”, explica.
Ao final, cinco CEOs de incorporadoras e construtoras apresentaram as perspectivas, desafios e estratégias para o futuro. Foram eles: Eduardo Fischer (diretor Presidente da Região II da MRV), Ubirajara Freitas (CEO da Tegra), Carlos Terepins (CEO da Nortis), Hugo Marques da Rosa (CEO da Método Engenharia) e Ricardo Yazbek (sócio fundador e diretor da R.Yazbek).
Clique aqui para ver as palestras apresentadas e fotos do evento, e confira abaixo os vídeos.
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