Sustentabilidade e inovação urbana no pós-covid

Gabriela Souza / 10 de novembro de 2020

Resumo do texto:

  • Após a pandemia espera-se propostas de construções sustentáveis com mais mobilidade;
  • A união da moradia e do trabalho em tempos de pandemia – valorização do ambiente doméstico;
  • A criação de um modelo de inovações de moradias após a pandemia; 
  • construir uma locomoção viável com priorização dos transportes não motorizados é meta do pós-pandemia;
  • A demanda pelo uso dos sistemas de telecomunicação durante a pandemia;

A pandemia trouxe a necessidade de uma nova visão sobre sustentabilidade e desenvolvimento urbano. Pensar em espaços públicos bem resolvidos e ecologicamente corretos, com amadurecimento, sem agredir o meio ambiente conciliando mobilidade com boas áreas verdes, será mais valorizado. Cidadãos em quarentena já entendem que o “morar bem” terá mais relevância no período pós-pandemia. 

A inovação, sustentabilidade em smart cities e a atuação de projetos de escala urbana na era pós-covid, foi tema que guiou a discussão do webinar promovido no canal do YouTube do Enredes. Roberto de Souza recebeu a Sócia titular da Levisky Arquitetos, Adriana Levisky, a Head em Unidade Smart Cities e Infraestrutura Sustentável do CTE, Myriam Tschiptschin, o CEO da Urban Systems, Thomaz Assumpção e o Presidente da Pedra Branca Cidade Criativa, Marcelo Consonni Gomes.  

No momento após a pandemia, espera-se que propostas sustentáveis com foco em mobilidade se tornem realidade mais facilmente. Segundo a convidada Adriana Levisky, projetos urbanos tendem a demorar para amadurecer e se consolidar. “Vejo com bons olhos a expansão onde a saúde, por exemplo, precisa ser vista como uma ação estratégica nos espaços urbanos.” disse. 

No bairro planejado existe a necessidade de dispor os produtos de forma harmônica. Nesta pandemia, nota-se nitidamente um contato mais forte em duas polarizações que nos movimentam todos os dias: moradia e trabalho. Algumas empresas conseguiram adequar os seus funcionários ao home office, mas essa não é uma realidade universal.  

Nem todos podem isso. “Do ponto de vista do trabalho, as empresas terão que se ajustar. Por outro lado, houve a valorização da moradia – antes saíamos de casa e voltávamos só depois do trabalho”, disse T. Assumpção. Para o CEO, alguns comportamentos se tornarão hábitos e vão demandar uma nova formatação de qualidade e diversidade. “A pandemia faz com que as pessoas aprendam a morar e trabalhar. Vão querer mais qualidade das construtoras, pois agora estão mais apuradas”, concluiu.

O que esperar de inovação

Urbanidade e impactos ambientais com valorização da saúde urbana são temas da área da sustentabilidade – o mercado conta com novos clientes que buscam por espaços abertos. Para Miryam Tschiptschin, a saúde e o bem-estar ficaram mais latentes nesse momento. “Projetos urbanos são feitos em longo prazo. Eles precisam ser resilientes para todas as mudanças que ocorrem, inclusive para o momento que vivemos.” destacou.  

O crescimento orgânico da cidade demonstra que surgirá um novo modelo a partir da pandemia. Vamos viver uma fase de inovações – procurar por uma casa será sinônimo de conforto, já que apartamentos se mostraram mais confinadores no período da quarentena. “Depois da pandemia as pessoas terão mais consciência da qualidade de vida daquilo que querem”, explicou T. Assumpção. As cidades enfrentarão uma adaptação que necessita inteligência. 

Com a inovação espera-se que os centros urbanos se tornem mais policêntricos, trazendo a vida cotidiana para mais perto das pessoas. Para Marcelo Gomes, os cidadãos perceberam que estão morando mal. “O desafio do mercado imobiliário será mostrar o que é morar bem”, falou. A mudança virá com novos (e bons) produtos.

O legado da pandemia

Os sistemas de transporte foram, talvez, os menos utilizados durante a pandemia. Em compensação, nunca demandamos tanto dos sistemas de telecomunicação. A comunicação e a informação facilitaram a inclusão.  

Segundo Adriana Levisky, construir uma locomoção viável com priorização dos transportes não motorizados é meta do pós-pandemia. “O usuário do espaço é parte dele, é interlocutor. Isso cria, com experiências do espaço público, o modo que as ações precisam ser tomadas”, expôs. 

A adoção de políticas e mudanças de estruturas nos transportes precisa acompanhar a inovação que a tecnologia trouxe na quarentena. A pandemia acelerou as transformações digitais: é necessário focar nas oportunidades tecnológicas e no comportamento das pessoas, lidando com alcance e eficiência. “Vivemos esse reforço positivo com a facilidade de acesso, seja por apps ou por distâncias curtas”, expressou T. Assumpção.  

A sustentabilidade é vista por muitos arquitetos e construtores como um estilo, mas, ela deveria estar em todos os projetos. Há um fortalecimento de tendências e várias estratégias vão começar a acontecer. Para a convidada Myriam T., devemos buscar um modelo de vida urbana cada vez mais saudável. “Vamos resgatar o ciclo natural hidrológico com jardins de chuva para um equilíbrio ecossistêmico melhor, por exemplo” disse.  

Para a Head, o termo “cidade para pessoas” será fortalecido, proporcionando espaços confortáveis, qualidade e contemplação na cidade. “Esperamos ter uma relação maior com o meio ambiente”, considerou. A convidada tem a expectativa por uma forma de ocupação menos desigual e mais democrática.  

É importante entender projetos que fomentem o desenvolvimento sustentável local. Na opinião de Marcelo Gomes, profissionais que não acompanharem essa tendência, ficarão para trás. “O consumidor não vai tolerar empresas que não tenham preocupação ambiental, que não pense na cidade como um todo”, presumiu. O momento pós-pandemia aguarda inovações sustentáveis e ainda mais inteligentes para as cidades. 

Confira o werbinar na íntegra:

ator Gabriela Souza

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