O papel da Construção Civil no combate às novas pandemias

Gabriela Souza / 19 de outubro de 2021

Há décadas, governos e lideranças promovem a importância do saneamento básico para toda a população, buscando conseguir o controle de doenças e melhoria da qualidade de vida dos habitantes.

Porém, foi somente a partir de 1940 que medidas de saneamento passaram a ser viabilizadas no Brasil, entretanto, apenas em 1971 a primeira regulamentação na área foi criada, o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA).

Assim como o Brasil, outros países também sofreram com a falta de medidas higiênicas, facilitando o contágio por doenças, como a epidemia de cólera, que foi responsável pela morte de mais de 180 mil pessoas na Europa entre 1840 e 1860.

Hoje em dia, outros tipos de comorbidades preocupam os especialistas: as infecções respiratórias, como a Influenza e o COVID-19.

Nesse sentido, um artigo publicado na Revista Science escrito por mais de 40 autores abre espaço para uma nova discussão: como prevenir o contágio por infecções respiratórias em ambientes internos?

A resposta consiste em uma quebra de paradigma quanto à preocupação com o saneamento do ar em ambientes internos e isso envolve diretamente várias áreas da Construção Civil.

Saneamento do Ar e Qualidade do Ar Interior (QAI)

O rastreamento de patógenos no ar é mais difícil do que em alimentos e na água, já que o ar não pertence a nenhum corpo e não pode ser contido, com isso, os estudos relacionados ao controle da qualidade do ar em ambientes internos ainda são preliminares.

Além disso, mudar diretrizes na circulação do ar afetaria outras condições valorizadas nas construções, como o conforto térmico, o isolamento acústico, otimização do uso de energia e o melhor aproveitamento dos espaços.

Ainda assim, engenheiros e arquitetos já seguem padrões que visam melhorar a Qualidade do Ar Interior (QAI), que envolvem controle de odores, CO2, temperatura e umidade e são regularizadas pela Resolução nº 176, de 24 de outubro de 2000, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, do Ministério da Saúde.

Entretanto, não há regulamentações e orientações que foquem no controle de possíveis patógenos em ambientes internos, atuando como um saneamento do ar de forma preventiva, assim como ocorre com os sistemas de água e esgoto.

O desafio a ser enfrentado pela Construção Civil

Para que as mudanças na qualidade do ar em ambientes internos sejam efetivas, é preciso tornar os sistemas de ventilação melhores, aumentando, quando necessário, o fluxo de ar externo para que este o ar presente na área de respiração dos ocupantes seja sempre renovado.

Porém, não é possível determinar parâmetros fixos, já que cada ambiente demandará modificações específicas, ademais, o ambiente externo também deve ser considerado nessa escolha.

Na imagem abaixo, é possível ver como diferentes ambientes podem exigir parâmetros distintos para diminuir o risco de transmissão de patógenos.

O desafio a ser enfrentado pela Construção Civil
Fonte: Morawska, Lidia et al. A paradigm shift to combat indoor respiratory infection, 2021.

Será preciso agir estrategicamente para alinhar a necessidade de melhorar a qualidade do ar em ambientes internos às outras partes fundamentais de um projeto, como a otimização do consumo de energia.

Caminhos para o futuro da construção

Constantemente, o setor da Construção Civil passa por inovações, a importância do foco na Qualidade do Ar Interior é uma delas, porém, muitas outras já estão sendo implementadas.

Se você quer aprender mais sobre outras inovações com profissionais que são referências na cadeia construtiva, não perca o 16° EDG (Encontro com Diretores e Gestores da Construção).

O evento será online com transmissão ao vivo, você pode saber mais clicando nesse link.

ator Gabriela Souza

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