Pré-fabricados e a industrialização da construção civil
Gabriela Souza/9 de outubro de 2020
Resumo do texto:
Sistemas pré-fabricados proporcionam aumento de produtividade na construção;
O sistema tradicional tem maior número de mão de obra e demanda prazos longos de execução;
É dever dos líderes da cadeia construtiva mudar o mindset e adotarem sistemas pré-moldados;
A industrialização foi resultado de um longo processo de atualizações tecnológicas.
A exigência da rapidez com menores custos, tem feito com que a industrialização da construção utilizando estruturas pré-fabricadas ganhem espaço. Dentre os pontos positivos, podemos destacar a economia de materiais – sem desperdícios na execução e na montagem das peças, maior controle de qualidade, produção em série, facilidade de manuseio e deslocamento.
Visando a modernidade do tema, o canal do Enredes no YouTube promoveu um webinar sobre industrialização da construção utilizando pré-fabricados de concreto. Os convidados foram Francisco Graziano – Diretor da Pasqua e Graziano Associados, Felipe Cassol – CEO e Diretor Superintendente da Cassol, Paulo Koelle – Diretor Comercial da Stone e André Massote – CEO da Precon Engenharia. A mediação foi do CEO do CTE enredes, Roberto de Souza.
Ao iniciar a discussão da noite, Francisco G., propiciou uma visão sobre aumento de produtividade na construção. “Isso equivale a construir com assertividade técnica dentro do custo e do prazo programados, portanto, equilíbrio entre todas as dimensões da obra”, explicou. O diretor entende que a edificação tradicional está propensa a falhas estruturais pela ação do tempo. “Não adianta pensar unicamente em baixar custos, pois isso pode expor a obra à imprevistos que inviabilizam o negócio como um todo”, expôs.
Ao pensar no sistema industrializado de construção é preciso buscar objetividade com menos variabilidade. O sistema tradicional, a partir da necessidade excessiva da mão de obra, demanda prazos longos de execução.
Estratégias para a industrialização
O uso de estruturas pré-moldadas em concreto pode atuar no ganho de tempo e velocidade na execução da obra. Para Felipe C., o mercado não está habituado com a industrialização da construção e é dever dos líderes da cadeia construtiva mudarem essa realidade. Um dos limitadores que podem influenciar no menor uso do pré-fabricado no Brasil é o transporte. “O pré-fabricado tem que sair da indústria e chegar até a obra. O que limita o tamanho das peças é o meio de transporte mais comum por aqui, as carretas”, falou. O convidado entende que esse veículo carrega pré-fabricados de no máximo 2,5 metros de largura.
Na busca pela industrialização é necessário partir de decisões estratégicas. É como pensa Paulo K., que defende critérios mais rigorosos para obras pré-fabricadas. “É preciso um plano e atenção redobrados, uma vez que toda a obra exige controle dimensional muito mais controlado, de maneira oposta a uma obra tradicional”, defendeu. A sustentabilidade e a economia de dinheiro foram alguns dos pontos vistos como estratégicos para que a industrialização da construção fosse favorecida. “Temos menor dependência de mão de obra e reduzimos resíduos aumentando a sustentabilidade, além de menor custo de manutenção a longo prazo”, sustentou.
Ao serem questionados sobre recomendações para otimizar a cadeia produtiva visando impulsionar a fabricação de modulares de concreto, os painelistas defenderam parcerias e mudanças de mindset. Felipe C., acredita na necessidade do setor se reinventar dentro da cadeia. “Para isso é preciso que líderes estejam dispostos a trabalhar com consistência”, declarou.
A união constrói a força
André M., defende que a industrialização não se iniciou de repente, mas foi resultado de um longo processo de atualizações tecnológicas. Para ele, trabalhar em parcerias (não apenas com quem produz materiais) é de fato criar uma boa industrialização nas companhias. Em muitas edificações, pensamentos retrógrados podem acarretar problemas sérios. “Os engenheiros brasileiros precisam pensar a longo prazo. Às vezes ganha o fornecedor com menor preço e consequentemente menos qualidade e tecnologia”, lamentou.
Também existem desafios na hora de construir com pré-fabricados. Francisco G., defende o pensamento na logística, montagem e muitas outras coisas envolvidas que diferem a obra industrializada de uma estrutura convencional. “Ainda não tomamos consciência dos riscos de obras tradicionais, mas na hora que começarem a envelhecer e aparecerem os problemas, teremos que correr atrás do prejuízo que poderia ter sido evitado”, finalizou. Segundo o diretor, o grande desafio está em projetos de longo prazo onde se faz necessário produzir com consistência.
A potencialidade e variedade do uso de pré-fabricados na construção civil é um dos maiores expoentes da industrialização nesse setor. A economia de tempo, dinheiro e menor utilização de material não-renovável, faz com que a sustentabilidade caminhe junta com esse sistema de construção.
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