Missão RCD visita startups de construção no Vale do Silício
Gabriela Souza/3 de setembro de 2018
Equipe pôde conhecer tecnologias que impactarão o setor a curto e médio prazos
A Missão Construtech Startup Business Meeting, iniciativa da Rede Construção Digital, organizada pelo Centro de Tecnologia de Edificações CTE/EnRedes e a StartSe, levou 16 representantes de 14 empresas brasileiras para conhecer o ecossistema de inovação do Vale do Silício: AutoDoc, BKO Incorporadora, BN Engenharia, CTE, Direcional Engenharia, GAAZ Arquitetura, MRV Engenharia, Rocontec Construções, R. Yazbek Desenvolvimento Imobiliário, Saint-Gobain, Sinco Engenharia, Tarjab Incorporadora e Tegra Incorporadora.
Na avaliação do presidente do CTE, Roberto de Souza, o ecossistema de inovação e empreendedorismo do Vale do Silício é muito sofisticado, e envolve corporações, grandes empresas, empreendedores, startups, investidores e usuários de novas tecnologias. “Esse ecossistema, que inclui universidades como Stanford, Berkeley, e a própria Singularity University, cria um ambiente muito favorável para o desenvolvimento”, opina. Souza explica que durante a Missão foi possível identificar três grupos de tecnologias que devem impactar a construção a curto e médio prazos. O primeiro contempla tecnologias em franco desenvolvimento, como o BIM, Internet das Coisas ou Internet of Things (IoT), no termo em inglês, big data, inteligência artificial, os drones, e a realidade virtual e aumentada. O segundo grupo de tecnologias, em desenvolvimento, está voltado para o produto, e envolve o smart home ou smart buildings, smart cities e smart grid. E o terceiro, considerado mais disruptivo, engloba o blockchain, a impressão 3D e a robótica.
A diferença na utilização dessas novas tecnologias é muito grande em relação ao Brasil. “Eles são bastante avançados no uso do BIM. É uma tecnologia prevalente e perpassa toda a fase de 3D, 4D, 5D e 6D. Além disso, no smart building, o IoT é muito forte, com a medição de dados diversos como consumo de água, energia, controle de temperatura etc.”, disse. Ele também destaca o uso do big data e da inteligência artificial. “Todas as startups que visitamos estavam ligadas à captura de dados de qualquer natureza, seja de projetos, de obras, de real state, do cliente etc., análise e aprendizado a partir dos resultados”, conta.
Das lições aprendidas, Souza destaca que a transformação digital está acontecendo em todos os setores e vai acontecer na construção também, considerada a menos digitalizada no mundo inteiro. “As empresas não serão mais as mesmas nos próximos anos”, afirma. Além disso, considera que o setor da construção no Brasil precisa se digitalizar a partir de dois focos: primeiro por meio do produto (smart building ou smart cities) e depois por meio de processos, passando por todo o negócio, desenvolvimento de produto, de projeto, orçamentação, planejamento, execução de obra, entrega de obra, avaliação, vistoria pós-obra, etc.
Na visão dele, também é preciso aprender com o ecossistema do Vale do Silício. “Temos que criar no Brasil, não digo algo com o mesmo potencial, mas uma metodologia semelhante que gere resultados”, opina. Aponta ainda a necessidade de as empresas da cadeia produtiva da construção estarem abertas para o que vem ocorrendo no mundo. “Elas precisam identificar o que vem acontecendo, como vai rebater no Brasil e como se apropriar disso”, afirma.
As empresas brasileiras do setor da construção que quiserem desenvolver negócios com alguma das 255 startups mapeadas no Vale do Silício têm o canal aberto com a StartSe para auxiliar na aproximação e orientação quanto aos diversos modelos de negócios possíveis. “A partir de agora, cada empresa de per si pode buscar seus objetivos de negócios”, conta.
Startups do Vale
Dentro do Vale do Silício, a previsão do volume de capital investido no mercado de construtech, apenas em 2018, é de mais de 1,6 bilhão de dólares.
Uma das razões deste valor dos investimentos ser tão elevado está relacionada ao grau de maturidade das startups. Ou seja, as startups seguem uma classificação de acordo com o seu nível de maturidade que, em um estágio inicial, varia de ‘Anjo’ e ‘Semente’ até as Séries A e B. E evolui para as Séries C, D, E e F, em um estágio mais avançado.
As startups Série C, que já têm product/fit com o mercado comprovado e estão buscando investimentos para expansão em larga escala, novas fontes de mercado e novas fontes de receita, representam 1 bilhão de dólares desta fatia.
Em relação ao volume, analisando o período de 2014 a 2018, as startups estão desta forma distribuídas no mercado de construção:
Hard Cost (32%) – Segmento que engloba tudo o que esteja relacionado a materiais, energia, equipamentos, veículos, smart home, HVAC e pinturas.
Soft Cost (23%) – Segmento que engloba tudo o que esteja relacionado a project management, inspeção da construção, gerenciamento de contratos e design do empreendimento.
Real State (30%) – Segmento que engloba tudo o que esteja relacionado a marketing, empréstimos, gerenciamento de transações, gerenciamento da propriedade, investimentos, seguros, espaços compartilhados, compra e locação de propriedades.
Infraestrutura (15%) – Segmento que engloba tudo o que esteja relacionado a smart cities, pré-projeto e relações com o governo.
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