Lean e industrialização ajudam empresas a serem mais assertivas em seus planejamentos e controles

Redação Enredes / 13 de dezembro de 2022

Em 2022, o mercado imobiliário se manteve aquecido, com grande volume de lançamentos. Ao mesmo tempo, os resultados das companhias foram impactados pelo aumento expressivo dos custos de construção, bem como pela alta dos juros, pela redução da renda das famílias e pela vacância dos edifícios corporativos. Esse cenário complexo deposita mais pressão sobre duas áreas estratégicas para o sucesso dos negócios: o planejamento e o controle das obras.

Uma alternativa que pode ser explorada visando maior produtividade, redução de custos e minimização de riscos é a filosofia lean associada a ferramentas digitais de planejamento. As participantes do episódio 20 do Diálogos com a Construção discorreram sobre esse tema, durante a live comandada por Bob de Souza, CEO do CTE. O evento contou com a participação de Paula Lunardelli, CEO da Prevision, Juliana Pasotto, gerente de contratos da unidade Gerenciamento do CTE, além de Renata Suguiuti e Viviane Catão, gerentes de planejamento e orçamento da Cury em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente.

Planejamento visual

Com forte atuação no mercado de habitação de padrão econômico, a Cury possui, atualmente, 31 obras em execução apenas em São Paulo. Em comparação a 2021, a construtora registrou expansão de 60% no volume de obras. 

Renata Suguiuti explicou que a estratégia para tornar tal crescimento sustentável combinou a escolha de métodos construtivos mais industrializados, a filosofia lean e a plataforma Prevision com vistas à redução de desperdícios. “Com o aumento do volume de obras, precisávamos de novas formas de controle que nos permitisse focar nas análises e nas simulações de cenário”, disse Viviane Catão. Segundo ela, o objetivo da construtora é poder traçar metas mais aderentes, obter índices de consumo confiáveis, agilizar a comunicação e diminuir incertezas.

Nesse contexto, a Cury migrou de um planejamento convencional para um mais visual, com linha de balanço, associado à pacotização dos serviços. “Essa abordagem permite olhar os serviços de modo mais amplo, impor um ritmo e adicionar estabilidade à produção, sempre com foco em redução de desperdício”, acrescentou Paula Lunardelli. Ela reforça que ao permitir enxergar onde há folgas e otimizar equipes, o planejamento visual pode reduzir tempo de obra, tornar a comunicação mais fluida e obter mais engajamento do time de ponta.

A implementação de ferramentas lean já proporcionou alguns ganhos para a Cury. “Trabalhando com linha de balanço, conseguimos  entender o nosso ritmo de obra (takt), diminuir o lote de trabalho e identificar folgas ou superprodução. Com isso, otimizamos a mão de obra do empreiteiro”, disse Catão.  

Ela destacou duas ferramentas lean implantadas com sucesso na construtora. A primeira é a reunião de gerenciamento diário, que consiste em conversas rápidas entre as equipes no canteiro visando resolver problemas simples que atrapalham a fluidez dos serviços. Também têm se mostrado eficazes para a Cury as reuniões de remoção de restrição realizadas a cada dois ou três meses para se antecipar a ameaças que colocam em risco o sucesso do planejamento. 

Segundo Juliana Pasotto, o lean é uma filosofia de gestão que encontra bastante aderência no contexto atual em que se tornou ainda mais crítico ter produtividade e reduzir atividades que não agregam valor. “Com o lean, enxergamos outras possibilidades e conseguimos ganhos com mudanças simples”, disse ela. A gerente do CTE citou, como exemplo, uma situação comum e desgastante para as construtoras que é ter que solicitar aos empreiteiros a colocação de mais efetivo em campo. “Quando enxergamos a produtividade, temos a oportunidade de perceber que a solução mais eficaz pode não ser colocar mais pessoas no canteiro, mas alterar os processos e as rotinas”, comentou Pasotto.

Industrialização aberta

Sempre que o foco é aumentar a produtividade, industrializar acaba sendo uma rota inevitável. No caso da Cury, a industrialização passa pela utilização de pré-lajes e kits de instalações prediais pré-fabricados em central construída no próprio canteiro.

“Mas para conseguir capturar todos os ganhos da industrialização, é importante que essa estratégia se conecte com o planejamento e com o pensamento enxuto”, alertou Bob de Souza. Ele lembrou que o custo por metro quadrado da solução industrializada pode ser mais caro. Mas quando colocado no contexto do planejamento, essa diferença se dilui. 

Paula Lunardelli concordou e apresentou um dado que confirma essa tese. “Um dia de obra custa, em média, com custos fixos, entre R$ 3,5 mil e R$ 4 mil. Quantos orçamentos foram rejeitados, quantas soluções não foram implementadas porque não fez a conta do seu custo de forma mais ampla?”, questionou ela, completando que, muitas vezes, a industrialização não avança porque a conta não é feita da forma certa. Se você não conseguiu assistir ao vivo o episódio 20 da série Diálogos com a Construção, não deixe de conferir a gravação do encontro clicando aqui!

ator Redação Enredes

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