Integração entre projeto, materiais e obra é chave para garantir o desempenho dos empreendimentos

Gabriela Souza / 9 de dezembro de 2021

Com o aquecimento do mercado imobiliário e o aumento exponencial do volume de negócios, garantir o desempenho dos empreendimentos torna-se algo extremamente desafiador. O cenário adquire ainda mais complexidade diante da inflação e de falhas no abastecimento dos materiais de construção, e de fragilidades na qualificação de mão de obra, tanto profissionais de engenharia e arquitetura, quanto empreiteiros. Nesse contexto, é clara a necessidade de redobrar cuidados com a gestão da qualidade, assim como aprimorar a integração entre projetistas, fornecedores e construtores. Mas como fazer isso?

O CTE enredes promoveu, no dia 18 de outubro, um webinar para abordar as estratégias que podem ser utilizadas para garantir a qualidade dos empreendimentos. O encontro, mediado por Roberto de Souza, CEO do CTE, contou com a participação de Liliana Luna de Sá, diretora na KV Arquitetos Associados, Andrea Rezende, gerente de SGI na Afonso França, Flávio Cuperman, diretor de operações na Cyrela e Fernando Meneguello, especialista técnico sênior na Portobello.

BIM COMO ELEMENTO INTEGRADOR

A utilização do BIM como ferramenta de integração entre os players foi citada como  uma das principais práticas para melhorar a qualidade dos projetos e do processo de produção imobiliária. “O uso da modelagem da informação desde as etapas iniciais contribui para termos respostas mais rápidas e assertivas. Ele também permite realizar simulações de desempenho acústico e lumínico, esgotando o estudo de alternativas, resultando em projetos mais consistentes”, afirmou Liliana de Sá, reforçando a necessidade de os arquitetos reassumirem maior protagonismo no processo de produção de imóveis. 

“O BIM também tem impacto positivo nos canteiros, permitindo às equipes melhor visualização e entendimento dos projetos”, acrescentou Flávio Cuperman. O diretor da Cyrela defende a realização de protótipos, com o apoio da modelagem, para analisar interferências, evitar retrabalhos e antecipar tomadas de decisão.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Além do uso do BIM, Cuperman destacou algumas ações adotadas pela Cyrela visando assegurar a qualidade das edificações. A construtora registrou um aumento de 2,4 vezes no número de canteiros ativos entre 2020 e 2022.

A primeira delas é a padronização das soluções construtivas. “Nesse cenário de aquecimento, é fundamental diminuir o artesanato e aumentar a linha de produção nos canteiros, incorporando soluções de pré-moldados, kits hidráulicos e elétricos, investindo em projetos de produção”, disse ele. “Também não se pode prescindir da realização de checklists para verificação dos projetos e das atividades nos canteiros”, continuou Cuperman.

Na Afonso França, até pela diversidade de campos de atuação, o controle das obras é realizado por ferramentas como fichas de verificação de serviços (FVS) especificas e checklist zero. Também há uso intensivo de plataformas digitais utilizadas para conectar os times da obra, organizar a programação diária, acompanhar as atividades e melhorar a colaboração e o compartilhamento de arquivos e informações, contou Andrea Rezende.

SUPRIMENTOS CRÍTICOS

Nos últimos meses, a gestão de suprimentos tem provocado uma série de dores de cabeça para construtores e incorporadores. O aumento de preços de insumos básicos pressiona o custo das obras e, consequentemente, as margens das construtoras e o preço de venda dos imóveis. Agravando a situação, em várias localidades têm sido registrados atrasos nas entregas. “Para abastecer os canteiros no ritmo necessário, precisamos ser mais planejadores, antecipar compras, fortalecer parcerias, desenvolver materiais e soluções e homologar novos fornecedores”, comentou Cuperman.

Na Portobello, a atuação nesse momento de aquecimento pode se dividir em duas frentes. A primeira delas é ampliação da oferta de produtos por meio da entrada em operação de um novo forno. Outro foco tem sido investir na oferta de serviços, especialmente agregados a sistemas como o de fachadas ventiladas. “Quando falamos em porcelanato, grande parte do acionamento de assistência técnica decorre de falhas na instalação. Por isso, temos investido na venda instalada, bem como na oferta de informações para apoiar os especificadores”, comentou Fernando Meneguello.

CAPACITAÇÃO DE MÃO DE OBRA

Não há como enfrentar os desafios resultantes do aquecimento do mercado sem profissionais capacitados. Por isso é tão importante as empresas realizarem um trabalho forte de gestão e qualificação. Na Cyrela, os profissionais, quando ingressam na empresa, passam por um treinamento no sistema de gestão. “Também criamos vídeos que explicam os vinte principais procedimentos. Além de utilizar para treinamento, esse conteúdo pode ser acessado pelo profissional sempre que ele tiver dúvidas, no celular”, explicou Cuperman. Ele enfatizou que uma gestão sólida, apoiada por boas tecnologias, em controles rigorosos e com a retroalimentação de todo o processo de qualidade, minimiza bastante os riscos inerentes ao aumento da quantidade de obras.

Clique aqui e assista na íntegra o webinar “Integração entre projeto, materiais e obras visando garantia de qualidade e o desempenho dos empreendimentos”. Disponível no canal do CTE enredes no YouTube, o conteúdo está repleto de dicas e boas práticas. Confira!

ator Gabriela Souza

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