Implementar ESG requer das empresas definição de prioridades

Gabriela Souza / 7 de março de 2022

A adesão aos princípios ESG (Environmental, Social and Governance) oferece muitas oportunidades e desafios para as empresas da cadeia da construção civil. Em um contexto em que as exigências por sustentabilidade, responsabilidade social e transparência tornaram-se mais complexas, é notável a busca por conhecimento para respaldar as ações em incorporadoras, construtoras e fornecedoras de materiais, assim como em administradoras e fundos de investimentos.

“O mercado entendeu que quem adota práticas ESG tem menos riscos, maior rentabilidade e, consequentemente, mais perenidade. Se hoje aderir a esse movimento é opcional, logo se tornará compulsório e condição para as empresas se manterem no mercado”, resumiu Fábio Vilas Bôas, vice-presidente da Tecnisa.

OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O executivo foi um dos participantes da mesa-redonda “Caminhos para o Movimento ESG no Setor da Construção”, parte da programação do 16º EDG, promovido pelo CTE enredes. Durante o encontro, ele compartilhou como tem sido a jornada da construtora e incorporadora rumo ao ESG. 

Uma das estratégias foi criar squads, baseados em metodologias ágeis, compostos por profissionais com perfis diversos para tratar do tema na companhia. Além disso, com base em diagnósticos alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a da Tecnisa elencou ações prioritárias alinhadas ao seu negócio e aos seus valores. 

“Já tínhamos bem resolvidas questões relacionadas à governança, por sermos uma companhia de capital aberto listada na B3. No entanto, vimos oportunidades para melhorar nossa atuação no âmbito social, tratando com mais profundidade temas como diversidade”, explicou Fábio Vilas Boas.

Jornada semelhante vem sendo traçada pela Engeform, como explicou seu CEO  André Abuchan. Segundo ele, uma das preocupações da companhia, que atua em três frentes — engenharia, desenvolvimento imobiliário e energia renovável — é estabelecer conexões entre o ESG e a cultura da organização. “Queremos implantar um ESG que faça sentido e crie valor para as nossas empresas e para todos os nossos stakeholders”, disse o executivo, que citou uma série de ações em andamento nos âmbitos social, ambiental e de governança. “A Engeform também tem se apoiado na análise dos 17 ODS como um norte para definir planos de ação e prioridades”, revelou o executivo.

MOTOR DE TRANSFORMAÇÕES

Impulsionados pela cobrança de grandes investidores internacionais, os fundos são o principal motor que induz a cadeia da construção em direção ao ESG. Em especial o pilar da governança vem sendo trabalhado por essas empresas até por uma questão de responsabilidade, para evitar gerar passivos para os investidores. 

Nelson Faversani, diretor na Autonomy, explicou que o tema é abordado em diferentes níveis. “O primeiro deles envolve o treinamento das pessoas e a confecção de manuais e procedimentos para garantir que as ações estejam alinhadas ao nível de compliance definido pela direção”, explicou. O segundo grau de governança é através de relatórios e prestação de contas aos investidores e acionistas de forma transparente. “Há, ainda, um terceiro nível composto por um comitê de investimentos que toma das decisões fundamentais para cada um dos projetos e é independente da operação”, disse o executivo da Autonomy, que tem sob sua gestão R$ 6,1 bilhões de ativos e o maior portfolio de empreendimentos certificados com o LEED Platinum no Brasil

Faversani contou que a companhia tem ciência da relação de interdependência que há entre seus empreendimentos e as localidades onde eles estão inseridos. Por isso, durante a operação do edifício, uma parcela dos recursos é destinada a melhorias no entorno. “Em um lugar onde as pessoas precisam viver isoladas, entre muros, não é possível desenvolver plenamente o potencial da cidade. Daí a importância de realizarmos investimentos sociais e ambientais. Se a cidade não se desenvolver em sua totalidade, o nosso prédio, e consequentemente nosso investimento, também irão sofrer”, enfatizou ele.

INOVAR PARA TRANSFORMAR

Grandes fabricantes de materiais também estão atrás de formas de impulsionar as práticas ESG. A Dexco, por exemplo, firmou um compromisso público com metas de sustentabilidade. “Além disso, todos os executivos da companhia que recebem renda variável, tem 25% dessa remuneração atrelada ao atendimento de uma meta ESG”, explicou o presidente da companhia, Antonio Joaquim de Oliveira.

Ele lembrou que o setor da construção possui muitos desafios ambientais a serem superados, como a geração de resíduos, a poluição sonora, os altos índices de consumo de energia e de desperdício de água. “O setor também tem contribuição importante para o aquecimento global, visto que quase 40% das emissões de gases do efeito estufa  relacionados à energia provém da construção de novos edifícios e habitações”, destacou ele. 

Na visão de Oliveira, a inovação é uma importante aliada das empresas na busca por soluções para esses problemas. “Grandes empresas como a Dexco têm o papel de fomentar esse debate, transferir tecnologia e apoiar construtechs, buscando a inovação em processos construtivos”, comentou.

Promovido pelo CTE enredes, o 16º EDG reuniu a alta direção das empresas da construção civil para debater temas de relevância para a cadeia produtiva.  No canal no YouTube do enredes é possível conferir palestras, debates e uma série de conteúdos adicionais do EDG. Clique aqui e aproveite!

ator Gabriela Souza

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