Impactado pela pandemia, segmento de lajes corporativas aponta para recuperação e transformação

Gabriela Souza / 18 de novembro de 2022

Atípicos, os últimos dois anos e meio foram desafiadores para toda a economia e não foi diferente com o mercado imobiliário. Mas apesar de todas as turbulências vividas no Brasil, como o aumento da inflação, da taxa de juros e do custo da construção, o setor demonstra resiliência e reserva boas oportunidades de negócio. Essa é a visão de Roberto Perroni, CEO da Brookfield Properties no Brasil. O executivo participou do episódio 19 do Diálogos com a Construção, série de lives semanais comandada por Bob de Souza, CEO do CTE, no YouTube.

Presente no Brasil há mais de 100 anos, a Brookfield é um grupo de origem canadense que investe em diferentes áreas, com destaque para o real estate. Nesse segmento, a companhia mantém um braço de incorporação — a Tegra (antiga Brascan) — e outro que realiza investimentos em imóveis com visão de longo prazo, a Brookfield Properties.

Embora esteja no DNA da empresa, a Brookfield só começou a montar um portfólio de propriedades no Brasil há cerca de dez anos. Desde então, vem atuando em quatro frentes principais: shopping centers, escritórios, logística e empreendimentos multifamily para renda.

“Temos quase 400 mil m² de escritórios em nosso portfólio, parte em operação, parte em desenvolvimento. Isso nos torna o maior proprietário de escritórios do país”, contou Perroni, lembrando que a empresa também mantém sob sua gestão 750 mil m² em galpões logísticos.

Escritórios e lajes corporativas

Por estar há tantos anos no Brasil, a Brookfield acabou desenvolvendo expertise para lidar com cenários de alta volatilidade. Um indicador da confiança no país foi o investimento de 6 bilhões de reais na aquisição de doze edifícios da BR Properties em 2022, ano de eleição presidencial. 

Com o isolamento social e o aumento do regime de trabalho flexível provocado pela pandemia de Covid-19, as análises apontaram para a redução da demanda por espaços corporativos. “Ouvimos que os escritórios iriam acabar, mas sabíamos que isso não aconteceria. Afinal, as empresas precisam de espaço físico para perenizar a sua cultura”, disse Perroni, reforçando que os escritórios não são apenas um centro de trabalho, mas um local de relacionamento.

Por isso, mesmo durante a pandemia, a Brookfield continuou investindo em empreendimentos triple A. “Isso acabou mostrando ser a estratégia certa.  Dos 400 mil m² do portfólio de escritórios, perdemos apenas 15 mil m² nos últimos anos. Ao mesmo tempo, ampliamos a ocupação dos prédios, alugando 45 mil m² nesse período”, disse Perroni.

O fato de as empresas precisarem atrair e reter talentos fez com que o impacto negativo da demanda de escritórios ficasse mais concentrado nos edifícios mais antigos e defasados. “Ter um espaço qualificado, com ambientes de descompressão, criatividade e convivência tornou-se um diferencial, assim como edifícios com certificações ambientais”, comentou o executivo.

Residencial para aluguel

Um mercado que tem se mostrado promissor para a Brookfield Properties é o de prédios residenciais para locação. Nesse nicho, a companhia já atua fortemente nos Estados Unidos, onde mantém mais de 50 mil unidades. 

No Brasil, o foco é na classe B, em prédios com aluguéis na faixa de 1500 a 2500 reais mensais. Para iniciar, a Brookfield firmou um acordo com a Luggo. A unidade de negócio da MRV vendeu mais de cinco mil unidades para o grupo canadense. Ela também assumiu a gestão da operação dos empreendimentos, que contam com uma série de serviços e facilidades, como academia, lazer, aluguel de carro e espaço de coworking.

No Brasil, o mercado imobiliário para aluguel tem um potencial muito grande, segundo Perroni. Primeiro porque adquirir a casa própria está mais difícil diante da alta do preço dos imóveis e das taxas de juros de financiamento. Há, ainda, o fato de as novas gerações demonstrarem preferir aplicar recursos em outras áreas, em vez de imobilizar o capital na compra de um imóvel.Perspectivas para o segmento de galpões logísticos e de shoppings centers, assim como iniciativas ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance) foram outros tópicos abordados na conversa de Roberto Perroni com Bob de Souza. Se você não conseguiu assistir ao vivo o episódio 19 da série Diálogos com a Construção, não deixe de conferir a gravação do encontro clicando aqui!

ator Gabriela Souza

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