Dando início a uma série de atividades programadas para acontecer ao longo de 2021, a Rede Construção Sustentável (RCS) realizou no dia 18 de maio o seu primeiro workstation. O evento, promovido em plataforma online, contou com a participação de mais de 100 profissionais das 46 empresas integrantes da Rede.
No contexto atual, nada mais oportuno do que colocar o ESG (Environmental, Social and Governance) em pauta. O tema, que vem mobilizando muitas corporações, adquiriu senso de urgência com a decisão de grandes gestores de recursos e fundos de pensão de colocar a responsabilidade socioambiental e a governança no centro de suas decisões de investimento.
Desenvolvimento sustentável
“O ESG é como um grande guarda-chuva que abarca boas práticas em diversos níveis, desde cuidados com o trabalhador e com a comunidade, à redução de impactos ambientais, passando pela transparência na comunicação com os stakeholders”, citou Roberto de Souza, o CEO do CTE Enredes.
Segundo ele, para atender o pilar ambiental, a indústria da construção já possui referenciais importantes para a certificação, como o Leed, o Well e o Fitwell. No campo social, a construção é um dos grandes geradores de emprego e renda, inclusive com a contratação de diversos grupos sub-representados.
Paralelamente, como maneira de mitigar riscos, investidores e financiadores têm priorizado projetos e empreendimentos de empresas com estrutura de governança. “As companhias de capital aberto, até por uma obrigação, já adotam ações nessa área. As demais empresas do setor precisam aprimorar o trabalho com a esfera ‘G’ da sigla”, comentou Souza.
Benchmarking setorial
Um dos instrumentos disponíveis para analisar as estratégias ESG das corporações é o Gresb. Trata-se de um padrão global para benchmarking e relatórios ESG para empresas imobiliárias listadas publicamente, fundos de propriedade privada, incorporadores e investidores. “O Gresb avalia e compara o desempenho ESG de carteira de ativos, fornecendo dados padronizados e validados para o mercado de capitais”, explicaram Dan Winters, head of Americas, e Victor Fonseca, ESG analyst no Gresb.
Para Winters, a empresa que não realiza benchmarking, não tem como saber como se posiciona no mercado. “Não existe uma definição absoluta do que é ser sustentável. Daí a importância de comparar o desempenho das empresas e buscar alinhamento”, disse o executivo do Gresb.
Sediado em Amsterdam, Holanda, Winters alertou os participantes do workstation para a importância de almejar a redução de emissões de carbono. “O futuro da sustentabilidade passa por ações nesse sentido, bem como pelos empreendimentos net-zero”, destacou.
Primeiro fundo ESG
Durante o evento da Rede Construção Sustentável, a engenharia financeira sob influência do ESG esteve em ênfase na fala de Vitor Bidetti, sócio-fundador e CEO da Integral Brei. Ele apresentou o case Biotic, uma smart city com quase 1 milhão de metros quadrados a ser construída em Brasília e para a qual foi criado o primeiro fundo imobiliário ESG do país.
Bidetti detalhou a estratégia de captação de recursos para o empreendimento focada, primeiramente, em investidores institucionais, via fundos de investimento soberanos e de pensão. “A pauta ESG cria uma atração muito forte por parte desses agentes”, revelou, explicando que a percepção dos gestores de fundos institucionais é a de que investir em empresas com carimbo ESG é mais seguro e rentável. “Além disso, em um contexto pós-pandemia, apostamos em uma intensa procura por bairros planejados e smart cities”, afirmou o executivo, adiantando que, além da Biotic, a Integral Brei prepara o lançamento de outros dois fundos atrelados aos princípios ESG.
Responsabilidade corporativa
A programação do Workstation da RCS contou com apresentação de Sheyla Resende, vice-presidente de gestão e RH na Gafisa. Ela compartilhou com os participantes do evento os caminhos traçados pela construtora em direção à maior responsabilidade ambiental, social e à governança.
“A nossa jornada ESG está alinhada com à nossa nova estratégia e com implantação de uma cultura organizacional focada em pilares como credibilidade, atenção ao cliente, time de excelência e inovação”, disse Resende, complementando que a Gafisa já tem metas atreladas diretamente aos processos ESG.
“Estamos atentos, por exemplo, à nossa cadeia de abastecimento, transformando requisitos sociais e ambientais em critérios para homologação de terceiros”, revelou a executiva. Ela contou que, com a consultoria do CTE, a Gafisa vem desenvolvendo diagnósticos e plano de ação para identificar as oportunidades de melhoria de suas práticas ESG. A construtora também tem buscado capacitação por meio do “Programa de Capacitação de Empresas do Setor da Construção em ESG”.
Signatária do Pacto Global desde 2019, a Vedacit também tem aperfeiçoado suas práticas de responsabilidade socioambiental e de governança. Luis Guggenberger, gerente-executivo de inovação e sustentabilidade contou ao público do Workstation que a empresa encara o ESG como um driver para inovação. “Temos visto que algumas companhias praticam o ESG por amor, enquanto outras atuam pela dor, por obrigação para evitar multas. O caminho que escolhemos é o da inteligência, indo além da gestão de riscos ou de licenciamentos”, disse o executivo.
Para o gerente da Vedacit, o sucesso das práticas ESG depende do engajamento das lideranças, sem o qual fica inviável consolidar essa agenda. “Também é crucial que o ESG seja tratado como uma estratégia de negócio apoiado em uma cultura organizacional sólida”, argumentou Guggenberger adiantando que, entre outras ações, a Vedacit pretende aderir ao Sistema B em 2022.
O próximo Workstation da Rede Construção Sustentável acontecerá em junho e discutirá as certificações sustentáveis. Fique atento às atualizações do nosso blog e às redes sociais do enredes para não perder as novidades.