Construção modular off-site chega ao segmento residencial

Gabriela Souza / 17 de novembro de 2022

O paradigma de que o mercado imobiliário residencial não aceita a construção modular off-site vem sendo gradativamente quebrado com iniciativas inovadoras diversas. É possível citar, como exemplos, empresas que vêm explorando esse nicho de mercado, a exemplo da Brasil ao Cubo, da Aratau e da Cubicset. A esse grupo recentemente entrou, também, a GND Incorporadora, que acaba de lançar o primeiro empreendimento habitacional brasileiro totalmente construído em módulos. 

Trata-se do condomínio Passeio do Mar, em Florianópolis, Santa Catarina,  resultado do trabalho conjunto da GND com a Visia. O empreendimento de alto padrão a poucos passos do mar possui trinta unidades de 117 e 231 m². O empreendimento foi inteiramente projetado com módulos metálicos e fechamentos de GRC (concreto reforçado com fibras) de 3 x 6 m e de 3 x 7 m. Ao todo serão utilizados 238 módulos na obra.

Almejando a certificação Fitwel, o empreendimento se tornou viável financeiramente em função de vantagens proporcionadas pela construção modular, como velocidade de execução, precisão geométrica e qualidade construtiva. Também ajudou a proximidade da fábrica da Visia em Ivoti (RS) com o local da obra e a parceria firmada com a ArcelorMittal e com a Perfilor, visando otimizar o uso do aço estrutural no projeto. 

“Na comparação simples, o custo do módulo em aço ainda é maior que o da estrutura de concreto moldado no local. Mas é preciso considerar que vamos entregar o empreendimento na metade do tempo de uma obra convencional”, diz Eduardo Deboni, sócio e diretor da GND. Ele pondera que há uma escassez crescente de mão de obra em Florianópolis que impacta o custo. Por isso, na visão do empresário, o processo de industrialização da construção é irreversível.

INOVAÇÃO PARA INDUSTRIALIZAR

Focada nos mercados catarinense e gaúcho, a GND Incorporadora se especializou na construção de condomínios de alto padrão, todos eles com um viés de sustentabilidade. “Para nos diferenciar no mercado, buscamos sempre empreender com algum selo de sustentabilidade, como o Aqua-HQE e a Etiqueta PBE Edifica”, citou Deboni. 

Já a Visia foi fundada em 1974 pelo pai de Eduardo Deboni com foco na construção com pré-moldados de concreto. A empresa se consolidou no mercado de construção industrializada produzindo módulos para shoppings, fábricas, estacionamentos e, principalmente, para presídios. Atualmente, inclusive, a Visia está realizando a maior obra modular em execução no Brasil, o presídio de Charqueadas, no Rio Grande do Sul. 

“Módulos de celas construídos com concreto de alto desempenho e GRC são o nosso carro-chefe. Já construímos mais de 110 obras com esse sistema que permite industrializar entre 85 e 90% da construção de um presídio”, comentou Alexandre Soares, CEO da Visia. “Também fazemos unidades de saúde, espaços comerciais e escolas com módulos metálicos”, continuou ele, explicando que a construção modular tem forte apelo em segmentos nos quais a velocidade de execução é um aspecto crítico.

Além dos módulos 3D, a Visia também aposta nos painéis de fachada em GRF para impulsionar a industrialização da construção. “Entre as vantagens dessa tecnologia podemos destacar a possibilidade de moldagem, a elevada estanqueidade e a durabilidade. O peso do material não chega a ser um problema, uma vez que os painéis têm cerca de 50 quilos por m²”, disse Soares.

Segundo ele, uma premissa fundamental para viabilizar essa tecnologia é a coordenação modular. “O empreendimento deve nascer com um pensamento modular de modo a reduzir a fabricação de formas e obter custo mais competitivo com o ganho de escala”, explicou o CEO da Visia. 

Eduardo Deboni e Alexandre Soares foram os convidados no episódio 18 da série Diálogos com a Construção, programa semanal comandado por Bob de Souza, CEO do CTE, no canal do Enredes no YouTube. Se você ainda não assistiu, clique aqui para acompanhar o bate-papo na íntegra! Outros temas abordados ao longo da conversa foram as jornadas ESG (Environmental, Social, and Governance) das duas companhias e os desafios logísticos à construção modular.

ator Gabriela Souza

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