Capacitação de mão de obra e o impacto na produtividade
Gabriela Souza/19 de setembro de 2019
Investir na qualificação dos profissionais traz mais eficiência, qualidade e melhora a produtividade do setor
A mão de obra tem um papel fundamental em diversas áreas. Na construção civil, por exemplo, apesar das máquinas e novas tecnologias já presentes nas construções, o fator humano ainda é uma variável essencial. E justamente por isso, é necessário contar com profissionais especializados e capacitados, afinal, com o avanço tecnológico e o surgimento de novas ferramentas, os funcionários devem estar aptos a trabalhar com novidades.
O setor emprega cerca de 7% da população mundial e é um dos maiores da economia, com gastos anuais de US$ 10 trilhões em bens e serviços relacionados à atividade. Entretanto, segundo a pesquisa Reinventing Construction: a route to higher productivity, da McKinsey&Company, quando comparada com outros setores, a produtividade da construção civil cresce de forma muito lenta, apesar das evoluções tecnológicas das últimas décadas.
Crescimento da produtividade laboral do setor da construção frente à indústria manufatureira e toda a economia
O estudo aponta que a produtividade na construção cresceu em média 1% ao ano nas últimas duas décadas. Além disso, uma amostra dos países analisados identificou que nos últimos 10 anos menos de 25% das empresas de construção civil foram capazes de atingir o mesmo nível de crescimento da produtividade alcançado pelas economias em que atuam. De acordo com a pesquisa, se a produtividade da construção conseguisse atingir o mesmo nível da economia total, estima-se que o setor ganharia US$ 1,6 trilhão em valor agregado, aumentando em 2% a economia mundial.
A baixa produtividade do trabalho da indústria da construção é generalizada. É uma questão de longo prazo que afeta praticamente todas as economias, independentemente do estágio de desenvolvimento. Nos Estados Unidos, por exemplo, a produtividade na construção mais que dobrou nos 20 anos seguintes ao final da Segunda Guerra Mundial. Depois disso, no entanto, a produtividade do setor pareceu declinar por 40 anos, à medida que o foco passou de projetos de infraestrutura para prédios residenciais e para trabalhos de reparo e renovação.
Capacitar a mão de obra é fundamental
O relatório da McKinsey aponta também as 10 principais causas que afetam a produtividade da construção pelo mundo. Foram entrevistados mais de 5.000 CEOs da indústria da construção que classificaram a mão de obra pouco qualificada como a terceira causa que mais impacta negativamente a produtividade do setor.
Um profissional qualificado possui competências específicas para colaborar na atividade de produção de forma atuante e com a visão geral de todas as etapas do processo, o que possibilita a identificação de gargalos e até mesmo a melhoria para alcançar melhores resultados.
É importante ressaltar que a capacitação deve se estender a todos os profissionais. Engenheiros, arquitetos, projetistas também precisam se atualizar constantemente para acompanhar as tendências do mercado e apresentar soluções criativas e eficientes. A pesquisa revelou, por exemplo, que a escassez de profissionais qualificados não é apenas um problema com os funcionários da linha de frente. Nos Estados Unidos, 31% dos proprietários de empresas de construção têm a menor probabilidade de qualquer setor de possuir um diploma técnico ou universitário.
A demanda da construção está crescendo. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor apresentou alta de 1,9% de abril a junho deste ano em relação ao trimestre anterior. Nesse mesmo período, a economia nacional cresceu 0,4%. Ou seja, a cada dia têm se tornado mais viável a implementação de um novo sistema de maior produtividade.
Atualmente, existem diversas ferramentas podem ser utilizadas para a capacitação de mão de obra, tais como treinamentos por meio de tecnologia de realidade aumentada e virtual e a utilização de plataformas de ensino focadas no setor. Além disso, adotar novas ferramentas, buscar se inserir no contexto das novas tecnologias e ter uma visão data-driven para o capital humano deixaram de ser apenas tendências, mas uma necessidade para todo o setor.
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