RCD discute evolução e gaps para aplicação no setor
O BIM (Building Information Modeling), ou Modelagem da Informação da Construção, já difundido nos Estados Unidos, segue a passos curtos no Brasil, com ação governamental concreta apenas em 2017. Apesar de ainda não existir um case completo com aplicação BIM do 3D ao 7D no país, a cadeia produtiva de construção busca formas de se beneficiar do processo em suas atividades.
Com o objetivo de debater essa evolução no setor e identificar os gaps para o seu desenvolvimento completo, a Estação de Trabalho da Rede Construção Digital (RCD), realizada no último dia 6/9, no Espaço São Paulo Center, trouxe exemplos reais de uso na arquitetura, engenharia, indústria, além da possibilidade de interligação com diversos softwares já disponíveis no mercado nacional.
Na abertura dos trabalhos, o presidente do CTE, idealizador da RCD, Roberto de Souza, falou da importância de promover a transformação digital do setor, unindo toda a cadeia produtiva, que enfrenta gargalos em comum. “Temos que deixar um legado para o setor. A mudança é unir a vanguarda. O propósito é exponenciar a digitalização da construção”, diz.
O sócio titular da Contier Arquitetura, Luiz Augusto Contier, que começou a desenvolver projetos digitais em 2002, lembrou que a primeira licitação pública a exigir o BIM no Brasil, em 28 disciplinas, aconteceu apenas em 2011. A exigência foi para a elaboração do projeto executivo da Petrobras para a construção da sede do pré-sal, em Santos. “Essa assertividade marcou muito. Essa história mudou o jeito de fazer projeto”, conta.
Para Contier, o papel da arquitetura é resolver problemas e equacionar compatibilidades, sendo que na obra não se resolve nada. “[Por meio digital] o projeto é compatibilizado durante a construção, não existe retrabalho”, afirma. O arquiteto falou da mudança do fluxo de trabalho com o novo processo e da necessidade de softwares para análise do projeto.
Na ocasião, a gerente de engenharia da Método, Mariana Guedes, contou que, a partir de 2016, o BIM deixou de ser um núcleo na empresa para ser utilizado em todas as obras, sendo incluído até no Sistema Integrado de Gestão (SIG). Com equipe interna, a construtora projeta 100% dos itens civis. “Em termos de comunicação, o BIM é fantástico para a obra. Mais do que marketing para o cliente, é ver que o projeto está evoluindo corretamente”, alega.
Mariana ressaltou a importância do levantamento de quantidades, da compatibilização para evitar retrabalhos e da qualidade. “Quem modela BIM não pensa nas quantidades”, alerta. Ela também apresentou cases com modelo BIM no pós-obra – as built, manual do proprietário e databook. “Treinamos a equipe do cliente para operar o modelo depois”, conta.
Para a desenvolvedora de negócios no portal BIM Object, Mariana Macedo, o BIM deixou de ser um modelo, para virar gerenciamento. “Temos um mar de oportunidades”, diz.
Neste sentido, o fornecedor precisa ser ZMOT (Zero Moment of Truth – conceito de marketing que significa o primeiro momento da verdade, onde o consumidor precisa decidir o que comprar). “Se ele não trouxer o software no formato do cliente, deixa de ser especificado”, diz.
O portal oferece um catálogo online gratuito de objetos BIM para arquitetos, designers e especificadores. “Há muito mais que arquivos, é possível ter o contato direto com a empresa. É o ponto de encontro da indústria”, afirma.
A coordenadora-geral da Secretaria de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Talita Tormin Saito, tratou dos dois decretos da presidência sobre o tema, que tratam da estratégia nacional de disseminação BIM e do comitê de implementação do BIM. “O esforço é trazer isso rapidamente para a realidade. É uma evolução que não pode ser mais ignorada. Agora é o trabalho colaborativo”, comentou.
Durante a estação de trabalho, empresas de tecnologia membros da RCD também apresentaram cases sobre o tema. Ana Cecília Ribeiro, CEO do AutoDoc, Julio Sanguini, diretor comercial da Globaltec, e Rafael Bahr, Product Owner da Mega Sistemas, abordaram os diferentes tipos de softwares e sua interligação com o BIM, a importância do setor de construção em lidar com a informação e a necessidade de seu engajamento.
Dinâmica
Após as exposições, os participantes da RCD discutiram e votaram em projetos prioritários relacionados ao BIM, a partir de uma dinâmica de grupos. São eles: canteiro experimental, manual de boas práticas, case unificado e laboratório BIM. Um grupo específico, formado pelas empresas Autodoc, MRV, BIM Object, Método, Basf, Zattio, Sebrae, Autodesk, BKO, R. Yazbek, BN Engenharia, Globaltec, Contier Arquitetura, Mega, Tegra, Deca, Sinco e Saint-Gobain, está encarregado de dar andamento aos temas.
Veja o vídeo da estação de trabalho da Rede Construção Digital sobre BIM
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