Mesmo que com algum atraso, o BIM (Building Information Modeling) tem progredido no Brasil em aplicações que vão além da geração de modelos virtuais tridimensionais e da possibilidade de verificação de interferências nos projetos.
O 3 Workstation da Rede Construção Digital e Industrializada (RCDI) realizado no último 4 de maio, mostrou como essa evolução vem acontecendo na prática. Com a participação recorde de 190 profissionais das 70 empresas integrantes da RCDI, o evento trouxe uma série de experiências bem-sucedidas de uso de tecnologias digitais nas etapas de planejamento e orçamento, muitas delas relacionadas ao BIM.
“Em 2018, cerca de 50% das construtoras e incorporadoras da Rede utilizavam a modelagem da informação. Hoje praticamente 100% dessas empresas já iniciaram uma jornada BIM, o que nos dá uma pista do engajamento com relação a esse assunto”, disse Roberto de Souza, CEO do CTE.
PROJETO FULL BIM
O 737 Pedroso, edifício atualmente em construção pela Rocontec, em São Paulo, é um case interessante por ter sido projetado em BIM desde o estudo de viabilidade. “O empreendimento combina uso residencial, comercial, corporativo e áreas de lazer e tem um certo nível de complexidade para o qual o modelo 3D foi fundamental”, revelou o arquiteto Alexandre Kröner, do escritório Kröner e Zanutto. Ele contou que o poder de visualização proporcionado pelo BIM é muito grande, especialmente em pontos criticos do projeto, como desvios de pressurização e cruzamento de escadas internas.
Nesse caso, o objetivo da construtora com o uso do modelo era bastante amplo, extrapolando o clash detection. Segundo a arquiteta Michele Valle, gestora de projetos e custos da Rocontec, havia o interesse em extrair quantitativos e auxiliar as soluções de engenharia, inclusive com a antecipação de gargalos construtivos e com o melhor sequenciamento da execução.
“Com o BIM foi possível realizar o reorçamento da obra em apenas quatro dias, algo inviável sem essa tecnologia”, acrescentou Luís Fernando Ciniello Bueno, diretor técnico da Rocontec. “Mas há uma curva de aprendizado a ser considerada”, alertou Bueno, ressaltando a necessidade de ajustar expectativas.
No 737 Pedroso, o uso do BIM com tamanha abrangência só foi viável graças a algumas boas práticas. Uma delas foi identificar, no primeiro momento, quais produtos precisavam ser gerados para planejar o desenvolvimento do modelo de tal forma que conseguisse atender as demandas da construtora. “Também foi importante o desenvolvimento de um plano de execução BIM complementar ao manual da Rocontec”, contou o arquiteto Anderson Zanutto. “O BIM Mandate traz os requisitos de informação que a construtora precisa, mas há uma série de questões especificas ao processo de cada projeto que precisam ser alinhadas pelos executantes”, destacou Zanutto.
TECNOLOGIAS EM CAMPO
A experiência da Método Engenharia com tecnologias como nuvem de pontos e BIM 4D também teve destaque na programação do Workstation. “O levantamento de nuvem de pontos com laser scan tem nos dado maior agilidade e precisão ao levantamento de campo”, comentou Camila Kfouri, especialista BIM na construtora. Ela contou que, com o BIM 4D, a Método tem obtido, entre outras vantagens, melhor visualização dos projetos. “Conseguimos identificar gaps no cronograma e discutir a sequência executiva com mais detalhamento com a equipe de obra”, disse ela, reforçando que não adianta dispor das melhores ferramentas sem capacitação das equipes.
Kfouri citou, ainda, outras soluções já aplicadas nos canteiros da Método, como o uso de QR Codes para disponibilizar o projeto em locais específicos da obra, e o tour virtual. Essa última tecnologia, desenvolvida em parceria com a Banib, permite acompanhar a obra à distância, reduzindo custos de deslocamentos e enriquecendo a experiência do cliente.
EXTRAÇÃO DE QUANTITATIVOS
Os desafios para a aplicação do BIM nas etapas de planejamento e orçamentação foram abordados por Weber Carvalho e Laura Paiva, respectivamente diretor e BIM Manager na Projelet. A empresa, especializada em projetos de instalações prediais, utiliza a modelagem conforme a necessidade e a finalidade definida por seus contratantes.
“Ao longo da jornada de implantação do BIM, algumas lições foram aprendidas. Uma delas foi observar a qualidade das informações para criar um modelo mais consistente e ter um processo mais fluído”, citou Paiva, que também é coordenadora de P&D na Projelet.
Em especial para a geração de orçamentos, a MPD Engenharia tem utilizado o Rubx, uma solução satélite ao ERP focado no BIM 5D. “A ferramenta em nuvem foi desenvolvida para otimizar o controle e o planejamento de obras em projetos orientados pelo BIM”, explicou Rafael Bahr, gerente de produtos na Senior Mega.
Na MPD, o Rubx foi testado para reorçamentação das obras de dois empreendimentos na região metropolitana de São Paulo. “O nosso projeto-piloto tinha como meta elevar a eficiência na quantificação dos elementos para que a obra não dependesse da equipe de projetos, nem de softwares caros para conseguir fazer essa extração”, contou Lígia Pires, especialista BIM na MPD. Segundo ela, vencido um período de aprendizagem, a MPD obteve enorme agilidade e assertividade na extração de quantitativos. “A plataforma é bastante simples e intuitiva. Os nossos próximos passos serão estender seu uso para outros empreendimentos”, compartilhou a arquiteta.
O próximo Workstation da RCDI acontecerá em junho. Fique atento às atualizações do nosso blog e nas redes sociais do enredes para não perder as novidades.
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