Recomendações de biossegurança no pós-covid

Gabriela Souza / 13 de novembro de 2020

Resumo do Texto:

  • Projetos devem ser analisados de ponta a ponta para que se tenha uma boa leitura do produto final;
  • Hoje existe a possibilidade de usar a luz ultravioleta para acabar com 99,9% das bactérias presentes no corrimão de escadas rolantes;
  • É indispensável alertar o usuário sobre o uso de equipamentos seguros;
  • O público tem uma percepção melhor sobre elementos no ambiente que podem causar problemas à saúde;
  • Com ações de biossegurança teremos condições para estarmos seguros nas edificações.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), biossegurança é uma área do conhecimento que tem como objetivo proporcionar “condições de segurança por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”.  

Com a pandemia do novo coronavírus, o assunto demonstrou relevância e ganhou espaço na 32ª edição do webinar enredes. Exibido no Youtube sob comando do CEO do CTE, Bob de Souza, os convidados debateram sobre Recomendações e melhores práticas de biossegurança em edifícios no pós-covid. Os convidados foram Leonardo Cozac – CEO da Conforlab, Joel Coelho da Silva – ITS Manager da Thyssenkrupp, Anderson Bruno Santos – Gerente Sênior de Vendas da LG, Manoel Gameiro – Diretor da Ecoquest e Ruy Rezende – Sócio-fundador da Ruy Rezende Arquitetura.  

De acordo com o arquiteto Ruy Rezende, é preciso que os projetos sejam analisados de ponta a ponta para que se tenha uma boa leitura do produto final. Com o advento da pandemia, é imprescindível recorrer ao uso da tecnologia. “Precisamos fazer um estudo das pessoas, o grau de risco que possuem e como transitam pela cidade, além da função que desenvolvem dentro dos prédios comerciais. Temos que traduzir os resultados para um algoritmo poder nos ajudar depois”, explicou. O convidado defende o aprimoramento de estudos por parte dos profissionais da cadeia construtiva, para que possam ter um novo parâmetro de edificação segura. 

Joel Coelho, profissional da empresa de elevadores e escadas rolantes Thyssenkrupp, apresentou tecnologias de higiene e esterilização. “Hoje já contamos com a possibilidade de usar a luz ultravioleta para acabar com 99,9% das bactérias presentes no corrimão, mas é preciso que os empresários percebam a importância desse investimento em prol do público”, defendeu. Para o profissional, é indispensável alertar o usuário sobre o uso de equipamentos seguros. 

Uma das principais fontes de proliferação do vírus da Covid-19 é o ar e os ambientes corporativos são totalmente climatizados. Anderson Santos, da LG, alega que a empresa tem trabalhado para desenvolver sistemas de ventilação com filtragem e informações do ar. “Esse é um desafio: poder aferir a qualidade do ar. Hoje lançamos a possibilidade de controlar tudo pelo celular e através dele você pode receber informações do que está respirando”, mostrou. Em conformidade, Manoel Gameiro, da Ecoquest, diz que “no futuro teremos novos itens analisados no ar nos edifícios”. 

Como se trata do ar, os microorganismos e vírus presentes são de difícil percepção. Segundo Leonardo Cozac, atualmente a Conforlab realiza mais de 200 mil avaliações da qualidade do ar em ambientes internos por ano. “Respiramos mais de 10 mil litros de ar por dia e raramente nos questionamos sobre a qualidade dele. É preciso analisarmos os grandes ambientes, salas de aulas, entre outros”, expressou. A partir da pandemia, as pessoas vão se importar mais com os lugares que frequentam. “Hoje o público tem uma percepção melhor sobre elementos no ambiente que podem causar problemas à saúde”, falou Leonardo. 

Em concordância com o tema, os profissionais defendem como prioridade dos líderes da construção civil, proporcionar melhores condições de saúde para o ar que as pessoas respiram nos empreendimentos.  

A biossegurança aplicada nas edificações e as normas de desempenho

O termo de Biossegurança é amplo, mas basicamente se refere às condições de proteção em benefício das pessoas e do meio ambiente. Para Ruy Rezende, ao trazer o tema para discussão, é preciso buscar meios de medir ameaças. “Os fluxos de pessoas serão estudados e mensurados diante do grau de risco que estão expostas ao vírus”, relatou. Anderson Santos defende uma reestruturação na convivência. “Como saber se o ambiente que você projetou para quatro pessoas ficarem seguras, se comporta bem com seis? A comunicação deverá mudar. Como trazer proteção para o ambiente corporativo com um inimigo invisível a solta?”, questionou.  

Atender aos critérios de biossegurança não será problema caso a edificação esteja de acordo com a lei brasileira. Segundo Leonardo Cozac, hoje as certificações falam sobre saúde e bem-estar de pessoas em ambientes fechados – diferente de tempos atrás. “Antes o foco não era na vida das pessoas e sim na eficiência energética. O mercado deverá se adequar com isso para os próximos anos”, avaliou. Ainda existem construções que não seguem normas de desempenho. Manoel Gameiro resguarda a aplicabilidade das diretrizes. “O empresário que construir um ambiente seguro, vai atrair um público maior”, argumentou.  

Ruy Rezende disse que há bons profissionais da construção que não abrem mão de empreendimentos seguros e dentro do regulamento. “Precisamos buscar soluções que possam trazer um fator real de segurança para as pessoas poderem trabalhar”, sustentou. Como arquiteto, Ruy acredita que é necessário colocar o usuário no centro dos projetos. “A arquitetura não vale de nada se não for feita para as pessoas”, alegou.

Recomendações básicas voltadas à biossegurança

O foco dos assuntos defendidos durante o webinar esteve na renovação de ar nos ambientes. Manoel Gameiro apresentou algumas recomendações voltadas à biossegurança nos empreendimentos. “É preciso melhorar o sistema de filtragem do ar, usar lâmpadas germicidas e defender o uso de máscaras e limpeza constante das mãos. Com essas ações teremos condições para estarmos seguros nas edificações”, assegurou. 

Para Ruy Rezende, ainda não se aprendeu o suficiente com a pandemia. “Existe a necessidade de aprofundarmos o conhecimento para que consigamos efetivamente assegurar a biossegurança nos prédios”, proferiu. O arquiteto acredita que esse é o momento ideal para criar normas permanentes no cenário pós-pandemia.  

É importante que existam propostas críticas em conformidade às normas. “Um bom projeto mal operado é muito pior do que um projeto ruim bem operado”, disse Manoel Gameiro. Os usuários não ficaram de fora das discussões. “É preciso pensar nas pessoas. Essa será a demanda da sociedade: ambientes controlados, saudáveis e seguros”, finalizou Leonardo Cozac.  

Confira o webinar na íntegra:

ator Gabriela Souza

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