Incorporações focadas em locação de imóveis residenciais

Gabriela Souza / 1 de dezembro de 2020

Resumo do texto:

  • O crescimento de incorporações de imóveis focadas em locação e a quebra dos paradigmas que existem no mercado nacional sobre esse modelo;
  • A mudança de comportamento dos moradores das cidades em relação ao aluguel de propriedades; 
  • O consumo diferente dentro das cidades por pessoas da geração Y – uma nova geração de compradores;
  • A sustentabilidade e a economia de dinheiro na construção civil;
  • A valorização de áreas comuns e a evolução esperada para essa parte no projeto. 

O ramo da incorporação imobiliária mostrou-se em ascensão durante outros momentos de crise e não é diferente na atual. Uma incorporação imobiliária é a denominação do processo onde um imóvel em construção será incorporado ao terreno. Esse termo é muito usado para falar sobre um projeto não finalizado, mas que já está à venda. O consumo  de imóveis ainda na planta são bons exemplos desse modelo de negócio. 

Atualmente é notável o crescimento das atividades de incorporação focadas em locação de imóveis – tendo em vista a perceptível mudança de comportamento das pessoas, interessadas em vivenciar experiências em diferentes lugares. Com todos os olhares voltados à inovação, o canal do enredes no Youtube promoveu um webinar para debater sobre o assunto com profissionais que atuam no ramo. Carolina Burg Terpins, Sócia Fundadora e CEO da JFL Realty e JFL Living, Rafael Steinbruch – Sócio Fundador da Yuca, Luis Mangini – Managing Partner da FL2 e Carlos Telecki – Head de Operações da Uliving compartilharam suas experiências e seus moldes de negócio.    

Para iniciar o bate papo, Roberto de Souza – CEO do Enredes, questiona sobre a quebra de paradigmas que existiam (e ainda existem) no negócio. Carolina B., é categórica. “Quando você deixa de vender metro quadrado e começa a vender experiência, as pessoas deixam de se preocupar com o valor do aluguel e começam a notar muito mais em todos os benefícios que esse negócio proporciona. Isso muda comportamentos”, diz. O modo de vida das pessoas em sociedade guia novos modelos de negócio. 

A nova geração de cidadãos

Escalabilidade e disciplina nos processos pensados no bem-estar do usuário, traz uma imagem aspiracional para esse modelo de negócio. Para Carlos T., os millennials (termo utilizado para designar a geração Y – nascidos após a década de 1980 até, aproximadamente, o final do século) consomem a cidade de modo diferente e isso impacta diretamente nas atividades. ” Isso reflete no custo final do imóvel e entrega da experiência. Hoje precisa-se de uma composição de elementos que quebrem paradigmas e foquem nas experiências do usuário”, explica. Segundo o profissional da construção civil focada para jovens, 35% dessa população brasileira se desloca para estudos universitários e há muito para ser explorado nesse segmento. 

Olhando mercados maduros, a renda residencial é bem vista e tem apelo pelo volume e constância. De acordo com Luis T., esse modelo é um atrativo pois proporciona lucro. “O que viabilizou isso no Brasil foram as taxas de juros – quando começaram a cair ajudaram a situação. O mercado no mundo aceita uma renda menor quando vinda de um negócio residencial por ter uma regularidade maior”, fala. Com a nova geração de compradores, há muito acontecendo que ainda não foi metrificado. Para o engenheiro é preciso olhar o que as classes de ativos brasileiros entregam e perceber onde cada negócio se encaixa. 

A questão geracional ainda dirá muito sobre o comportamento do negócio da incorporação focada em locação residencial no Brasil.

Sustentabilidade, tecnologia e industrialização das construções

Os convidados abordam uma jornada digital para seus negócios, focadas não apenas nos novos usuários, mas em oferecer facilidades sem burocracias. Construções que passam por um planejamento prévio sobre consumo de água e energia também são realidade, com premissas de sustentabilidade que impactam minimamente o meio ambiente.  

Conforme apresenta Rafael S., o foco está em reaproveitar – retrofit foi pautado por diversas vezes no webinar. “Não precisamos mais edificar. Se ocuparmos espaços obsoletos, seremos mais sustentáveis”, explica. O profissional acredita que esse mercado ainda está engatinhando no Brasil e que viveremos a evolução de tecnologias e sustentabilidade. “O importante do residencial é conseguir incorporar processos industriais. Dessa forma daremos menos impacto possível ao ecossistema”, expõe.  

A tecnologia tem sido fundamental e acelerou muitos processos – principalmente durante a pandemia. Hoje é possível realizar uma tour virtual completa nos imóveis e assinar contratos digitalmente, por exemplo. Quando falamos em sustentabilidade falamos em economia de dinheiro. “Estamos olhando para a direção de tornar tudo sustentável e isso será cada vez melhor para todos os lados”, conclui Caroline B.

O crescimento na era pós-pandemia

A locação existe e continuará firme pois há espaço para isso – a cultura está em progresso. Hoje as construtoras locais ainda precisam de mudanças nos projetos. Fora do Brasil as áreas comuns são mais valorizadas que os apartamentos em si. “Estamos animados por acompanhar tendências onde uma máxima é trazer uma existência em comunidade que proporciona uma qualidade de vida maior”, afirma Carlos T.  

Levando em conta a discussão do painel, o mercado de locação aumentará, pois a crise não altera demandas – ela mais atrapalha a mobilidade das pessoas. Caroline B., acredita que após o cenário pandêmico, espaços comuns com áreas de trabalho coworking serão necessárias, pois as pessoas sentirão a necessidade desses locais para trabalhar, principalmente com a mudança no comportamento das empresas.  

A cidade será desenvolvida para pessoas, veremos consumos diferentes e a locação entrará como chave para ocupar e dar vida em áreas onde não tem. Para Rafael S., a chave é a acessibilidade. “Se entregarmos moradias de qualidade, subiremos nossos índices de locação nos próximos anos”, finaliza.

ator Gabriela Souza

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