“Democratizar a Inteligência Artificial é uma forma de acelerar a transformação digital”, afirma CTO da Microsoft

Gabriela Souza / 10 de setembro de 2019

Capaz de processar bilhões de informações, transformá-las em dados estruturados e trazer benefícios para diversos setores, a inteligência artificial é considerada a grande tecnologia da atualidade e um dos principais assuntos do mercado. Nesta entrevista, o CTO da Microsoft, Roberto Prado, fala sobre a democratização da IA, o movimento de transformação digital nas organizações e quais as expectativas da empresa para o Brasil em função dos últimos investimentos em novas tecnologias. 


Enredes – Podemos dizer que uma nova era está surgindo, protagonizada por serviços de inteligência artificial, computação em nuvem, reconhecimento de voz e aparelhos inteligentes e interconectados. Qual o papel da Microsoft na formação dessa nova era? 

Roberto Prado – A Microsoft assumiu o compromisso de democratizar a Inteligência Artificial. Quando Bill Gates e Paul Allen fundaram a empresa há mais de 40 anos, o objetivo era levar os benefícios dos softwares de computação — então largamente fechados em mainframes — para todos. Nossos sistemas de IA são projetados para empoderar as pessoas e ampliar suas capacidades. Assim, nossa meta é tornar a inteligência artificial acessível e garantir que nossas ferramentas e tecnologias conquistem a confiança de todos. Nós acreditamos que a IA será a grande tecnologia da nossa era e ela terá a força necessária para mudar fundamentalmente a vida das pessoas, transformando indústrias e a sociedade. 


Existe hoje um movimento de transformação digital nas empresas brasileiras. Como a Microsoft, enquanto fornecedora de soluções e serviços de tecnologia, tem se preparado para atender a essa demanda que cresce a cada dia? 

Hoje, a Microsoft é uma empresa de serviços inteligentes na nuvem focada na transformação digital dos clientes. Estamos trabalhando em todos os setores para ajudar as organizações a se tornarem empresas digitais e acelerar sua transformação. O que aprendemos é que cada organização tem um ritmo diferente, mas há quatro elementos comuns entre elas neste processo: criar experiências mais atraentes para seus clientes, empoderar seus funcionários, reinventar como operam e transformam seus produtos e serviços. Estes são os blocos de construção para a transformação digital. O compromisso de democratizar a Inteligência Artificial, na visão da Microsoft, é uma forma de acelerar a transformação digital e, por isso, desenvolvemos ferramentas e tecnologias com recursos da nuvem Azure para empoderar as pessoas e aumentar suas capacidades. A Transformação Digital é a principal tendência da tecnologia da informação hoje. Como diz o nosso CEO, Satya Nadella, cada empresa em cada setor no mundo vai deixar de ser uma organização que usa tecnologia digital para tornar-se uma organização digital. As empresas estão escolhendo a Microsoft como seu parceiro de Transformação Digital devido à sua profunda experiência com empresas e inovação em toda a nuvem, IoT, análises avançadas, realidade mista e inteligência artificial.  

Apesar desse movimento de digitalização, é possível encontrar empresas que ainda têm certo receio de adotar novas tecnologias, como a inteligência artificial. Algumas alegam falta de conhecimento, custo elevado e, principalmente, preocupação com segurança. Há realmente o que temer? Como elas podem se beneficiar com IA? 

Acreditamos que a IA é uma tecnologia desafiadora em nosso tempo, e somos otimistas quanto ao que ela pode oferecer para as pessoas, indústria e a sociedade – agora e no futuro, de maneiras que já temos visto e das que ainda não podemos compreender. Como criadores de tecnologia, é nossa obrigação fazer escolhas cuidadosas para que essa tecnologia se traduza em benefícios para todos. Pensando nisso, a Microsoft estabeleceu princípios que devem permear o desenvolvimento de IA, considerando um amplo conjunto de responsabilidades, dentre eles ética, privacidade, segurança, inclusão, transparência e responsabilidade. Nós divulgamos seis princípios da Microsoft para o desenvolvimento responsável da IA publicados no livro The Future Computed. Essas diretrizes, no entanto, são apenas guias. Representam as coisas sobre as quais achamos útil pensar, especialmente ao projetar bots que têm o potencial de afetar as pessoas, como ajudá-las a navegar por informações relacionadas a emprego, finanças, saúde física e bem-estar mental. Nessas situações, aprendemos a fazer uma pausa e perguntar: essa é uma situação na qual é importante garantir que haja pessoas envolvidas para fornecer julgamento, especialização e empatia? 


Quais são as expectativas da Microsoft para o Brasil em função dos últimos investimentos em IA e computação em nuvem? 

No Brasil, contamos com um Laboratório de Tecnologia Avançada (ATL – Advanced Technology Laboratory), cuja principal “vocação” é a área de visão computacional. O ATL é o primeiro centro de pesquisa da Microsoft no hemisfério sul e espaço para desenvolvimento de novos sistemas que tecnologias de aprendizado de máquina e redes neurais profundas para a compreensão de vídeo em tempo real. O laboratório atua na área de Inteligência Artificial e foca seus projetos em várias verticais incluindo segurança industrial, segurança pública, hospitais, monitoramento de trânsito, etc. A Microsoft também está investindo US$ 115 milhões, no decorrer de cinco anos, na iniciativa AI for Good, que fornece financiamento, tecnologia e especialização para indivíduos e organizações sem fins lucrativos para que eles possam enfrentar alguns dos maiores desafios da sociedade. Um exemplo é o projeto com a ONG “Mães da Sé”, para o desenvolvimento de um aplicativo com inteligência artificial para encontrar pessoas desaparecidas. O outro projeto é com a Fundação SOS Mata Atlântica, que foi beneficiada pelo programa AI For Earth da Microsoft. Com o acordo, a Fundação aplicará tecnologia aos dados coletados pelo projeto Observando os Rios e, por meio de recursos de IA na nuvem Microsoft Azure, terão insights mais efetivos e precisos. No futuro, será possível cruzar dados de diferentes bancos de dados, como, por exemplo, sobre doenças populacionais, e avaliar a correlação entre a qualidade das águas e doenças epidêmicas. 


Na sua opinião, como os novos projetos de inteligência artificial da Microsoft podem afetar um setor tão importante para o Brasil como o da construção civil? 

Como disse antes, acreditamos que a IA é uma tecnologia com enorme potencial para impactar positivamente pessoas e organizações. No campo da construção civil, especificamente, acredito que o campo de visão computacional pode trazer ganhos significativos ao possibilitar, por exemplo, a análise de imagens em tempo real para aumentar a segurança de profissionais que trabalham em obras.

ator Gabriela Souza

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