Construtechs: trazendo mais inovação para a construção civil

Gabriela Souza / 28 de outubro de 2019

Soluções oferecidas pelas startups vão desde a concepção do projeto até a venda para o consumidor final 

A construção civil sempre foi um medidor da economia do país. O setor representa 10% do PIB global e sempre sofreu com as altas taxas de desperdício, custos e baixa produtividade, principalmente quando comparado a outras áreas. Por conta disso, as empresas da cadeia produtiva estão transformando a maneira como os projetos são planejados e executados, investindo mais em tecnologia. 

Segundo Roberto de Souza, CEO do CTE/enredes, essa integração de tecnologias digitais em todas as áreas do negócio está mudando a forma como a empresa opera e entrega valor aos clientes. Ele afirma que um dos pilares dessa transformação no setor está focada na digitalização de produtos e processos. “O primeiro é focado em smart buildings e smart cities, que por meio de IoT (internet das coisas), RFID (identificação por radiofrequência) e outros tipos de sensores se prove inteligência aos edifícios e às cidades, visando monitorar seu desempenho ao longo da fase de uso e operação, propiciando uma nova experiência ao cliente”, explica. 

“Já a digitalização de processos é voltada à automatização dos processos empresariais e operacionais de incorporação, marketing, vendas, relacionamento com o cliente, projeto, orçamento, planejamento, obras, assistência técnica, pós-obra e processos administrativos e financeiros. Aqui entram os softwares e tecnologias digitais como big data, BIM, realidade virtual e aumentada, inteligência artificial, blockchain, entre outra”, diz Roberto. 

Apesar do ritmo deste investimento ainda ser devagar, as companhias estão se reinventando e integrando a tecnologia em seus processos diários, procurando parceiros que ofereçam ferramentas intuitivas e modernas para permanecerem competitivas e sobreviver no mercado. E é nesse contexto que surgem as construtechs, startups que estão transformando digitalmente o mercado com tecnologias e soluções de ponta, como realidade virtual, inteligência artificial, softwares, entre outros para proporcionar eficiência às demandas da cadeia produtiva da construção. 

Um mapeamento realizado pela Terracotta Ventures mostra que o Brasil conta com mais de 500 construtechs e proptechs (startups dedicadas ao setor imobiliário), que desenvolvem soluções importantes em áreas como orçamento, gestão de estoque, canteiro de obras, gestão de documentos, conteúdos especializados, entre outros. 

Fonte: Construtech Ventures e ConTech Report 2018-2019 (JBKnowledge).


São muitas as inovações oferecidas pelas construtechs. Algumas focam no diagnóstico e na avaliação do potencial de economia, rastreando fornecedores estratégicos; no fornecimento de informações atualizadas sobre o setor, além de relatórios e controle de gastos; e, de forma geral, na execução do projeto, com novos modelos de construção e tecnologias, para otimizar as tarefas de construtoras e incorporadoras, por exemplo. O gráfico abaixo mostra quais são as tecnologias mais utilizadas por essas empresas. 

Fonte: Construtech Ventures e ConTech Report 2018-2019 (JBKnowledge)


ECOSSISTEMA GLOBAL
Segundo estimativas do Construtech Ventures, existem hoje cerca de 6 mil construtechs, pelo mundo, com pelo menos 4 mil delas só nos Estados Unidos. Um levantamento do CB Insights demonstra uma tendência de aumento dos aportes em construtechs, reforçando que um mercado mundial como o da construção está em passos cada vez mais acelerados no sentido da transformação digital. A Construtech Ventures mapeou alguns dos maiores unicórnios (startups que possuem um valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares) existentes dentro dos mercados de construção e imobiliário. Veja: 

Fonte: Construtech Ventures

Um desses unicórnios, por exemplo, é a Katerrra, que aplica tecnologia de manufatura para aumentar a produtividade e eficiência da indústria da construção civil. A visão dessa startup é realizar obras em menor tempo e a um menor custo. Para isto, eles controlam todo o processo construtivo da obra desde o projeto até a entrega. A construção é feita em plantas industriais (off-site), onde é possível racionalizar boa parte do processo construtivo. 

Fundada em 2015 por Michael Marks, a construtech se tornou uma das maiores startups da construção civil ao receber um aporte de 865 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2018. Marks é um dos grandes nomes que estarão presentes no Construdigital Conference 2019 e falará sobre o processo de construção da Katerra, como seu modelo de negócio está revolucionando o mercado das construtechs e a importância da transformação digital para o segmento.  

É PRECISO INVESTIR
Em 2017, as 100 principais construtechs geraram mais de 170 milhões de dólares em negócios, o que chamou a atenção de muitas construtoras para desenvolver e testar em campo tecnologias para reduzir custos, mão de obra e a duração de seus projetos. Os resultados têm sido satisfatórios e os especialistas do setor categóricos: estar sintonizado com a inovação traz benefícios significativos, como aumento de produtividade, redução de custo, aumento de qualidade, confiabilidade e, principalmente a sobrevivência da empresa.

Ou seja, o investimento em inovação é requisito para qualquer organização que queira continuar crescendo de forma sustentável. A parceria com as construtechs, que desenvolvem tecnologias disruptivas em um setor carente de novas formas de produção e resultados, tem sido essencial para as empresas do setor atenderem às novas demandas do mercado e da sociedade.

ator Gabriela Souza

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