Construção off-site como solução habitacional

Gabriela Souza / 17 de maio de 2021

A construção off-site oferece uma série de vantagens, saiba mais!

Com um déficit habitacional de quase 8 milhões de unidades, o Brasil precisa mudar urgentemente a forma de construir moradias populares e explorar métodos que garantam  preço acessível, velocidade de construção, qualidade e sustentabilidade. 

Para atender a uma demanda que, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), pode chegar a 30 milhões de residências até 2030, a construção industrializada off-site desponta como uma solução natural. Esse método de construção, no qual componentes e às vezes cômodos inteiros são produzidos em indústrias e transportados para a montagem no canteiro, foi tema de um webinar promovido pelo CTE enredes. Realizado no último dia 13 de maio, o encontro contou com a participação de representantes da MRV, da Tecverde, da Saint-Gobain e do Governo do Estado de São Paulo.  

INDUSTRIALIZAÇÃO EM ALTA 

“A industrialização nos ajuda a entregar um produto melhor e a vencer barreiras atreladas à baixa produtividade, ao alto nível de desperdício, aos efeitos da inflação em obras de ciclo longo e ao custo de mão de obra”, comentou Caio Bonatto, CEO da Tecverde. A empresa, com fábrica no Paraná, tem desenvolvido unidades habitacionais combinando painéis 2D de wood frame com alto nível de industrialização e módulos de banheiro e cozinha prontos.  

“Nos últimos quatro, cinco anos a construção industrializada evoluiu muito especialmente com o wood frame e o light steel frame. Tanto que temos visto um movimento de construtoras de habitações de diferentes padrões interessadas em fazer testes com sistemas construtivos leves”, comentou Carlos Mattar, diretor da Saint-Gobain. 

A atuação da MRV, maior construtora da América Latina, comprova esse argumento ao buscar sistemas off-site para apoiar seus planos de crescimento. A empresa está analisando várias tecnologias construtivas — como wood frame e steel frame —  em busca de alternativas para superar desafios como a alta dependência de mão de obra com pouca  qualificação e o baixo índice de automação dos canteiros.  

Segundo Raphael Paiva, diretor de inovação da MRV, a construção off-site oferece uma série de vantagens, como qualidade, segurança, sustentabilidade, cadeia de suprimentos mais eficiente e possibilidade de personalização. “Acreditamos nos métodos construtivos leves, secos, sustentáveis e nas soluções híbridas. Todos os sistemas que analisamos são promissores, mas para que funcionem não podemos adaptar projetos pré-existentes”, ponderou o executivo. 

ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO 

Ainda que de forma muito incipiente, começam a surgir iniciativas do poder público em direção à industrialização da construção habitacional. No Estado de São Paulo, por exemplo, a CDHU lançou em maio um edital para a contratação de 120 unidades habitacionais horizontais para três municípios: Areiópolis, Mogi Guaçu e Salto de Pirapora. “Trata-se de um projeto-piloto para o qual estamos abrindo para a contratação de tecnologias inovadoras”, explicou Flávio Amary, secretário de habitação do Estado de São Paulo. Ele contou que o plano é replicar essa iniciativa em outros editais. “Queremos mostrar que é possível trazer inovação, agilidade e preço baixo para reduzir o déficit habitacional”, disse o secretário, lembrando que outros estados da federação também realizam movimentos semelhantes visando abrir espaço para a construção industrializada. 

Além da necessidade de maior engajamento do poder público, há muitos outros entraves a serem eliminados para viabilizar, de forma ampla, as habitações econômicas e de interesse social com sistemas construtivos off-site. O primeiro deles é a falta de isonomia tributária entre a construção industrializada e a artesanal. Há também dificuldades enfrentadas pelas empresas que vão desde a homologação de sistemas inovadores à necessidade de maior conscientização do cliente final sobre sustentabilidade. 

Existem, ainda, desafios logísticos relacionados ao custo do frete, especialmente de componentes 3D. Caio Bonatto conta que a Tecverde consegue ser economicamente competitiva em obras distantes até 1600 quilômetros de sua fábrica porque os painéis de woodframe são leves. “Mesmo quando transportamos módulos 3D, a conta fecha porque eles contêm alto valor agregado, diminuem drasticamente os custos indiretos e têm vantagens quanto à qualidade e ao pós-obra”, explicou Bonatto. 

Para Carlos Mattar, mesmo sem considerar os benefícios ambientais com a redução da pegada de carbono, já é possível obter custos globais bastante competitivos com a construção off-site  “Mas grande parte da eficiência desses sistemas é obtida no projeto, que precisa ser desenvolvido visando explorar as particularidades desse método de construção”, continuou o executivo da Saint-Gobain. 

Roberto de Souza, CEO do CTE, concordou e lembrou que “além de bons projetos, a construção off-site tende a fazer ainda mais sentido quando combinada à filosofia enxuta, conectada à jornada do cliente e inserida em um contexto ESG (Environmental, Social, and Governance)”. 

Clique aqui para assistir na íntegra o webinar “Construção off-site, uma solução para o problema habitacional”. 

Anote em sua agenda! O próximo webinar do CTE enredes acontecerá no dia 27/maio, com transmissão no canal do CTE enredes no YouTube.

ator Gabriela Souza

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